Não me canso de vir até aqui... Dá-me paz e ajuda-me a
reflectir...
Dou por mim a pensar em compatibilidades, em como o facto de
elas existirem ou não, acaba por ser totalmente irrelevante na incessante busca
pelo par ideal, pela cara metade para toda a vida.
Falamos tantas vezes nisso... encontrar a pessoa certa mas na verdade ela
não existe. Apenas existe a busca
egoista pela satisfação pessoal, pelo prazer... e por essa busca se sacrificam
valores onde assentam conceitos como familia, lealdade, fidelidade, monogamia e
amor.
Sacrifica-se a ideia de construir algo a dois pela
satisfação de um, pelo hedonismo que cada vez mais domina o que me rodeia.
Deixaram de existir coisas “especiais” para serem trocadas pelo “rápido”,
“fácil” e “vulgar”, mas não para mim. Posso ser antiquada, retrógada mas não
quero deixar de acreditar no “especial”.
Já conheci pessoas que eram compatíveis comigo quase a nível
celular mas que nunca seriam parceiros ideais para mim.
Pessoas em que o
simples toque no braço liberta uma descarga eléctrica a que o corpo
imediatamente responde, que conseguem ler os meus pensamentos apenas a olhar-me
nos olhos, pessoas em que a química é tão forte que é quase palpável e desconfortável
para os outros que estejam perto ou mesmo pela forma como gravitamos em redor
umas das outras sem termos noção que o fazemos.
Descobri que este nível de compatibilidade não funciona
amorosamente, irónico não é?
Também descobri que nada se perde - conseguem-se grandes
amizades com essas pessoas.
Conheci pessoas que nada têm a ver comigo e que me
proporcionaram momentos verdadeiros e felizes, logo chego à conclusão que
compatibilidade não é sinónimo de felicidade ou de possibilitar que as relações
funcionem.
Já pensei que tinha o resto da minha vida planeada e que
sabia exactamente como se ia desenrolar e de um momento para o outro deu uma
volta de 180 graus.
Era compatível?
Talvez sim, talvez não... Quando gosto de alguém moldo-me,
cedo e adapto-me.
Porquê?
Desde que não perca quem eu sou na minha essência, desde que
não me anule, desde que não comece a viver a minha vida pelos outros, nada tem
de errado moldar, ceder e adaptar.
Porque acredito que vale a pena continuar a lutar pelo
“especial”, compatível ou não.