domingo, 18 de agosto de 2013

I


Há coisas que não consigo explicar...


Não sei exactamente quando foi que perdi a pessoa que era para ser substituída por uma versão muito mais pobre de mim própria.
Também não sei o momento exacto em que deixei de sonhar e de acreditar verdadeiramente que coisas boas estariam no meu caminho.
Sei que o eu que eu era, era caprichoso, orgulhoso, arrogante e extremamente manipulador. Tudo para mim era um jogo e agora dou por mim farta de perder num jogo onde antes brilhava.
Talvez fosse arrogância da juventude, a confiança de uma figura atraente que conseguia o que queria mais cedo ou mais tarde.
Sempre defendi que as pessoas não mudam, mas na verdade sou a prova desta teoria. 


Mudei, mudei muito.


Mudei na minha cabeça, mudei nas minhas ambições, mudei nas minhas crenças, nos meus planos de futuro e também fisicamente.
Os cabelos brancos que começam a despontar são que nem cicatrizes de guerra, o chiar dos meus joelhos lembranças de tempos em que desisti de mim. 


A idade trouxe-me certezas, a certeza de que no fundo a chave para tudo está em mim e em saber o quero e não quero. 


Sei que quero começar a ser mais egoísta, sei que quero criar uma criatura seja ela minha biologicamente ou não. Sei que ainda quero viajar a alguns sítios como o Japão rural e a New Orleans, ver a mansão da Anne Rice e talvez conseguir conhecê-la.
Também sei o que não quero... não quero chegar ao fim dos meus dias e sentir que não vivi, não quero sentir que me defino pelas pessoas com quem estou e não quero sentir-me só.
Talvez não consiga tudo ou mesmo nada, mas quero saber e sentir que tentei com todas as minhas forças fazê-lo. 


Saber que tentei ser a melhor versão de mim possível para que quando o dia chegar possa partir em paz.

1 comentário:

  1. "não quero chegar ao fim dos meus dias e sentir que não vivi, não quero sentir que me defino pelas pessoas com quem estou"

    :)

    o maior e mais fácil erro..

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